domingo, 9 de junho de 2019

Seis haikus veranis de Bashô (Parte II)



I.

a borboleta só voa
no espaço 
onde há luz


II.

papoila branca - 
borboleta oferecendo uma das asas
como recordação


III.

visto roupa 
feita de asa de cigarra - 
agora já posso cantar! ¹


IV.

gota de água
esquecida por alguém - 
a flor do meloeiro


V.

embriagados
os cravos florescem
tombados sobre as pedras


VI.

não cabe num dia inteiro
o canto
da cotovia






Matsuo Bashô (1644 - 1694)










(Tradução e adaptação de Joaquim M. Palma, in "O Eremita Viajante", Assírio & Alvim, 2016.)












(1) Este haiku surge antecedido pelo seguinte comentário do seu autor: "O meu amigo Sanpu mandou-me, como prenda de Verão, um casaco de tecido muito fino."












("Bird on a plum blossom tree", em pormenor.)