quinta-feira, 17 de fevereiro de 2022

UM POEMA PARA OS MEUS, NA VELHICE (o último poema de Bai Juyi)

 
Setenta e cinco anos de idade,
cinquenta mil moedas para gastar. 
Minha esposa envelhecendo comigo,
os sobrinhos cirandando aqui à volta,
alimento-me de sopa de aveia, de arroz tenro.
A minha cabaia com um forro novo.
Nesta casa simples, a sorte de estar junto dos meus.
Colocaram meu leito diante de um painel de montanhas e nuvens,
o fogãozinho ao lado dos cortinados azuis.
Meu neto lê um livro para mim,
os cozinheiros afadigam-se, fazem o jantar.
Escrevo poesia, respondo aos amigos,
entretenho-me a coser roupa,
escolho e preparo ervas medicinais.
Terminadas todas as pequenas tarefas,
adormeço de rosto voltado para o sol.






Bai Juyi (772 – 846)












(Tradução de António Graça de Abreu in "Poemas de Bai Juyi", Instituto Cultural de Macau, 1991.)














"Velho com Criança",
de Xu Yan (1956 - )