Esforço e anseio
Na conquista de prazer e prosperidade:
São estes os teus inimigos,
Surgindo para arruinar
As presunções da virtude.
Deixa tudo ir.
A nada te apegues.
Toda a boa fortuna,
Esposas, amigos, casas, terras,
Todas essas dádivas e riquezas,
Não passam dum sonho,
Uma actuação de malabarismo,
Um espectáculo itinerante!
Em poucos dias terão desaparecido.
Reflecte.
Onde houver desejo
O mundo estará lá.
Com desapego, mas resoluto,
Liberta-te do desejo
E encontra a felicidade.
O desejo aprisiona-te,
Nada mais.
Erradica-o, e serás livre.
Abandona o mundo.
Realiza-te
E encontra a felicidade eterna.
És um.
És consciência pura.
O mundo não é real.
É um lugar frio e sem vida.
Nem real é a ignorância.
Então, o que poderás desejar saber?
Vida após vida tens-te entregado
A diferentes formas,
A diferentes prazeres,
Filhos e reinos e esposas.
Apenas para os perder a todos…
Chega de perseguir o prazer,
Chega de abastança e acções nobres!
Na negra floresta do mundo
Que paz poderão conceder-te?
Como tens labutado,
Vida após vida,
Obrigando o teu corpo, a tua mente
E as tuas palavras a um trabalho doloroso...
É tempo de parar.
Agora!
(Versão de Pedro Belo Clara a partir da tradução inglesa de Thomas Byrom in "The Heart Of Awareness - A Translation of the Ashtavakra Gita", Shambhala Dragon Editions, 2001.)
"Liberdad"
de Maria del Carmen Perez