sexta-feira, 26 de junho de 2020

Seis haikus veranis de Bashô (Parte III)


I.

Em Hoso Tôge, que fica no caminho de Tafu no Mine para Ryumon.

acima do voo da cotovia
deito-me no céu
desta passagem de montanha


II.

por sobre o arrozal
o som da água que corre - 
ó que delícia!


III.

Caminhando ao longo da estrada de Kiso, fiquei em Ôtsu e fui ver os pirilampos em Seta. 

pirilampos - 
na água dos arrozais
luas reflectidas


IV.

escutando a flauta
que ninguém toca
no Templo de Suma


V.

pirilampos - 
pétalas das cerejeiras de Yoshino
em frente dos meus olhos


VI.

Consolando o hospedeiro, Rakugo, pela morte de seu filho.

como é frágil
uma flor
no calor do verão!









Matsuo Bashô (1644 - 1694)












(Tradução e adaptação de Joaquim M. Palma, in "O Eremita Viajante", Assírio & Alvim, 2016.)
















("Pássaros e Flores da Primavera e do Verão", 
primeiro de um par de seis painéis de Kano Eino - 
Período Edo, 1603-1867)



2 comentários:

  1. Maravilhosos poemas de um sabor tão único...

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    1. O Haiku é por excelência uma forma purificada de poesia, sublime na sua enorme (e aparente) simplicidade.
      Grato pela visita, meu caro.
      Abraço.

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