I.
O Tao¹ a que se dá um nome
não é o Tao eterno.
O não-nome é o seu verdadeiro nome.
O inominável é a origem do céu e da terra.
O nomear é a mãe de todos os seres.
Se nos esvaziarmos do desejo, vemos o mistério.
Se desejamos, vemos a manifestação das coisas.
Estas duas verdades emergem de uma única origem,
e as duas são um mistério.
Quando o mistério se mistura com o mistério,
abre-se a porta para o desconhecido.
II.
O Tao é uma taça vazia;
quando se usa, não se enche.
Parece não ter fundo.
É como a fonte de todas as coisas.
Ele suaviza as arestas,
desata todos os nós,
atenua o brilho intenso,
reúne toda a poeira do mundo.
É um abismo escondido
mas sempre presente.
De quem é filho? Não sei.
Parece estar muito antes dos deuses.
III.
Trinta raios convergem no eixo,
mas é o vazio que há no centro
que dá utilidade à roda.
O barro é moldado para fazer vasos,
mas é o vazio que há no seu interior
que lhe dá utilidade.
Colocam-se portas e janelas nas paredes,
mas o espaço interior vazio é que é útil.
O ser torna acessível,
mas é o não-ser que é útil.
Lao Tsé (séc. VI a.C. - ?)
(Tradução de Joaquim Palma, in "Tao Te Ching - O Livro do Caminho e da Sabedoria", Editorial Presença, Julho de 2010).
Gostei mesmo muito
ResponderEliminarApraz-me sabê-lo, meu amigo. Devo confessar que também aprecio muito Lao Tsé e a sua visão do mundo, de nós e das coisas.
EliminarUm abraço! Volte sempre. Muito obrigado.