segunda-feira, 2 de março de 2020

O PRIMEIRO BEIJO


O céu ficou silencioso e de olhos baixos,
Os pássaros calaram todos os seus cantos;
O vento emudeceu; a música das águas acabou
De repente; o murmúrio da floresta
Morreu lentamente no coração da floresta.
Na margem deserta do rio tranquilo,
Nas sombras do anoitecer desceu silenciosamente
O horizonte sobre a terra muda.
Nesse momento no silencioso e solitário alpendre
Beijámo-nos pela primeira vez.
Nesse momento exacto, ao longe e perto
Repicaram os sinos e soaram os búzios
Nos templos dos deuses apelando ao culto.
Um estremecimento percorreu o infinito mundo das estrelas
E os nossos olhos encheram-se de lágrimas.





Rabindranath Tagore (1861 - 1941)












(Tradução de José Agostinho Baptista in "Poesia, Rabindranath Tagore", Assírio & Alvim, 2004.)
















Radha Mesmerised by the Sound Of Krishna' Flaute,
por Yogendra Rastogi 
(1939 - 2015)


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