O Outono não se caracteriza apenas pela queda das folhas, mas também pelo declínio das forças vitais de todos os seres, incluindo o homem.
A Via Láctea torna-se mais nítida. Todavia, é a lua a alma desta estação. Na sua remota proximidade adensa o mistério da nossa existência. O vento soa também de maneira diferente e nele podemos surpreender, por vezes, o murmúrio da própria morte.
Os gritos dos insectos ecoam por todo o lado. Mas são os crisântemos, com a beleza das suas folhas e das suas flores e o seu perfume forte e esotérico, a referência dominante da estação, logo a seguir à lua.
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I.
Outono:
velhos parecem até
os pássaros e as chuvas
II.
Acabou-se o óleo na lamparina
Mas... eis a lua
que entra pela janela
III.
A pequena lagarta
vê passar o outono
sem pressa de se tornar borboleta
Matsuo Bashô (1644 - 1694)
(Versões de Jorge Sousa Braga in "O Gosto Solitário do Orvalho (seguido de "O Caminho Estreito"), Assírio & Alvim, 2003.)
de Ito Sozan (1884 - ?))
Gostei. Parabéns!
ResponderEliminarFico grato. Um abraço.
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