I.
(Que pena eu não ter seguido o conselho de Saigyo!¹)
não saí da minha cabana
e agora a flor da cerejeira
já é fruto
II.
nos pêlos das lagartas
gotas de orvalho -
noites curtas
III.
liberto pirilampos
dentro da rede mosquiteira -
oh que alegria!
IV.
numa padiola
alguém doente é levado -
a colheita do trigo continua
V.
(Num lugar chamado Kaya, em Tanba.)
atravessar o ribeiro no verão
com as sandálias nas mãos -
que delícia!
VI.
concha vazia -
o caracol
ausentou-se
VII.
as vozes e a água
entram no arrozal -
luar de verão
VIII.
sem rede mosquiteira
toda a noite
acordado
Yosa Buson (1716 - 1784)
(Versões e notas de Joaquim M. Palma in "Yosa Buson, Os quatros rostos do mundo - haikus", Assírio & Alvim, março de 2020.)
(1) Saigyo (séc. XII) foi um poeta muito apreciado por Bashô; tal como tinha sonhado, morreu entre as cerejeiras floridas, ao luar.
("Pássaros e Flores das Quatro Estações",
Autor desc. - finais do séc. XVI)
Adoro haicais. Ganhei uma publicação em 2016 com um livro de haicais...
ResponderEliminarSão também um género que muito aprecio. Embora Bashô seja, sem dúvida, o grande mestre, também considero interessente este autor...
EliminarOs meus parabéns pela sua conquista.
Grato pela visita. Fique bem.