domingo, 8 de novembro de 2015

CONTEMPLANDO A LUA E PENSANDO SOBRE AQUELA QUE ESTÁ LONGE


Nasce a lua, brilhante sobre o mar.
Contemplamo-la, tu e eu,
nos dois extremos do país.

Melancólico, lamento
a longa imensidão da noite. 
Apaixonado, solto um suspiro.

Cubro-me com a capa e saio.
Sinto-a molhada pelo orvalho.
Incapaz de colher um punhado 
desta luz para te oferecer, 
entristeço-me. 

Volto para casa.
Deito-me na cama.
Talvez em sonhos
te encontre.



Zhang Jiuling (673 - 740) (*)



(Adaptação de Pedro Belo Clara a partir da tradução de Adelino Ínsua - "Pavilhão da Chuva", Antologia de Poesia Clássica Chinesa (2002))






(*) Zhang Jiuling, de origem cantonesa, desfrutou de uma existência de grande notoriedade. 
Além de escolástico, foi um proeminente ministro e também chanceler durante o reinado do imperador Xuanzong - não obstante ter-se firmado como um dos maiores poetas românticos da dinastia em que viveu, a Tang. 
A famosa antologia denominada "Trezentos Poemas da Dinastia Tang" conta com cinco poemas da sua autoria, um dos quais aquele que agora se apresenta.











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