terça-feira, 26 de abril de 2016

Quatro poemas espirituais de Dogen (Parte II)



I. O som das gotas de chuva em Ching-Ch'ing

Porque a mente é livre 
- escutando a chuva
tombando pelos beirais,
as gotas e eu
tornamo-nos um só.


II. No ribeiro

No ribeiro,
correndo apressado
para o mundo poeirento,
a minha efémera forma
não deixa reflexo.


III. Como cabelo emaranhado

Como cabelo emaranhado:
a ilusão circular
de começo e fim.
Quando esticado,
o sonho cessa.


IV. O verdadeiro ser manifesta-se pelos dez quartos do mundo

O verdadeiro ser
não é alguém em particular. 
Como o profundo azul 
do céu infinito,
é toda a gente, em todo o lugar
do mundo.




Eihei Dogen (1200 - 1253)




(Tradução e adaptação de Pedro Belo Clara a partir da versão inglesa elaborada por Steven Heine - "The Zen Poetry of Dogen: Verses from the Mountain of Eternal Peace", 1997)










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