terça-feira, 10 de abril de 2018

CANÇÃO XXX


Há nesta árvore um pássaro
que dança na alegria da vida.

Ninguém sabe onde pousa.
E quem sabe qual poderá ser
o fardo da sua canção?

Onde os ramos estendem
uma sombra profunda,
aí tem ele o seu ninho.
Chega ao anoitecer
e parte com a manhã,
e nenhuma palavra profere
sobre o sentido de tudo isso.

Ninguém me diz nada sobre 
este pássaro que canta em mim.
Não é colorido, nem sequer
desprovido de cor; não tem
nem forma nem contorno.

Senta-se na sombra do amor;
reside no Intangível, no Infindo 
e no Eterno; e ninguém nota 
quando chega ou parte.

Kabir diz: Oh sadhu, meu irmão!
Profundo é o mistério. Deixa 
que os sábios procurem saber 
onde tal pássaro repousa.




Kabir (1440 - 1518)








(Versão de Pedro Belo Clara a partir da versão inglesa de Rabindranath Tagore - "Songs of Kabir", 1915).












(The Christmas Dove, por Eugene McNerney)








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