I. Os grous
As pessoas procuram sempre o que lhes dá prazer;
imutáveis as coisas, mutáveis os sentimentos dos homens.
Talvez os grous possam dançar, elegantes e altivos.
Gosto mais deles, de pé, silenciosos, solitários.
II. O espelho e a taça
Quero trocar o espelho de bronze
por uma taça dourada ou de jade branco.
No espelho não posso fugir à velhice,
mas minhas penas dissipam-se na taça de vinho.
III. Frescura de outono
Calmo, tranquilo, durmo o dia inteiro;
velho, doente, esquecido pelos outros homens.
Ao cair da tarde, à entrada da casa,
um imenso tapete de flores de acácia.
IV. Início da primavera
A neve derrete, os dias cada vez mais quentes,
o gelo desaparece, raios de sol inundam a terra,
pouco a pouco os rebentos ganham força.
A primavera só não desfaz a geada branca em meus cabelos.
V. Velhice
Por vezes, um dia inteiro caminhando no jardim;
por vezes, até nascer o sol sentado diante da candeia.
Ninguém entende os meus silêncios.
De quando em quando, um longo suspiro.
VI. Os damasqueiros da aldeia de Zhao
Venho todos os anos ao desabrochar dos damasqueiros.
Há três lustros, tantas vezes olhei as flores vermelhas!...
Tenho setenta e três anos, regressarei uma vez mais?
Esta primavera estou aqui para lhes dizer adeus.
Bai Juyi (772 – 846)
(Traduções de António Graça de Abreu in "Poemas de Bai Juyi", Instituto Cultural de Macau, 1991.)
(Traduções de António Graça de Abreu in "Poemas de Bai Juyi", Instituto Cultural de Macau, 1991.)
Quero ser, em momentos da minha senectude, este "Love Birds and Pink Flowers" contemplativo. Poeta reflexivo das belezas da natureza e do bem viver, um sábio. Obrigada pelos lindos poemas.
ResponderEliminarFico contente que os tenha apreciado, minha amiga.
EliminarMuito obrigado pela sua simpática visita. Volte sempre!
Beijos.