quarta-feira, 10 de junho de 2015

Todos sabem que o belo é belo


Todos sabem que o belo é belo
porque há fealdade.
Todos sabem que o bem é virtuoso
porque há o mal.

Existir e não-existir produzem-se um ao outro.

O difícil e o fácil completam-se.
O longo está contido no curto, e o alto no baixo.
O instrumento e a voz atingem uma só harmonia.
O antes e o depois seguem-se um ao outro.

Por isso, o sábio age sem esforço

e ensina o não-falar,
trata das coisas sem as possuir,
e executa sem esperar elogios.
E, porque não se apega,
o que faz permanece para sempre.





Lao Tsé (séc. VI a.C. - ?) (*)






(Tradução de Joaquim Palma, in "Tao Te Ching", Editorial Presença (1º edição - Julho de 2010).







(*) Lao Tsé, o Velho Mestre, é das figuras mais emblemáticas e obscuras da China antiga. Diversas lendas criaram-se em torno de tal figura, das mais plausíveis às mais absurdas possíveis, ora divinizando-a ora pondo em causa a sua própria existência.

Fundador do pensamento Taoísta e contemporâneo de Confúcio, cuja doutrina rivalizou desde sempre com os mais básicos preceitos do Taoísmo. 
Num período inicial da sua vida foi responsável pelos arquivos históricos e conselheiro da corte imperial de Chou. 
Após a queda desse império, reza a lenda que terá abandonado a cidade rumo ao Tibete. Ao chegar à fronteira, o guarda, reconhecendo-o, terá pedido ao Velho Mestre que deixasse escrito um livro sobre o "verdadeiro caminho e a verdadeira sabedoria". Desse pedido nasceu o Tao Te Ching, uma das obras mais publicadas de sempre em todo o mundo, logo atrás da Bíblia. Escrito o livro, Lao Tsé retomou a direcção do sol poente. E não mais foi visto. 









(Lao Tsé)






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