Todos sabem que o belo é belo
porque há fealdade.
Todos sabem que o bem é virtuoso
porque há o mal.
Existir e não-existir produzem-se um ao outro.
O difícil e o fácil completam-se.
O longo está contido no curto, e o alto no baixo.
O instrumento e a voz atingem uma só harmonia.
O antes e o depois seguem-se um ao outro.
Por isso, o sábio age sem esforço
e ensina o não-falar,
trata das coisas sem as possuir,
e executa sem esperar elogios.
E, porque não se apega,
o que faz permanece para sempre.
Lao Tsé (séc. VI a.C. - ?) (*)
(Tradução de Joaquim Palma, in "Tao Te Ching", Editorial Presença (1º edição - Julho de 2010).
(*) Lao Tsé, o Velho Mestre, é das figuras mais emblemáticas e obscuras da China antiga. Diversas lendas criaram-se em torno de tal figura, das mais plausíveis às mais absurdas possíveis, ora divinizando-a ora pondo em causa a sua própria existência.
Fundador do pensamento Taoísta e contemporâneo de Confúcio, cuja doutrina rivalizou desde sempre com os mais básicos preceitos do Taoísmo.
Num período inicial da sua vida foi responsável pelos arquivos históricos e conselheiro da corte imperial de Chou.
Após a queda desse império, reza a lenda que terá abandonado a cidade rumo ao Tibete. Ao chegar à fronteira, o guarda, reconhecendo-o, terá pedido ao Velho Mestre que deixasse escrito um livro sobre o "verdadeiro caminho e a verdadeira sabedoria". Desse pedido nasceu o Tao Te Ching, uma das obras mais publicadas de sempre em todo o mundo, logo atrás da Bíblia. Escrito o livro, Lao Tsé retomou a direcção do sol poente. E não mais foi visto.
(Lao Tsé)
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