Arruinado e doente: um homem de duas medidas.
Bela e inocente: uma menina de três.
Não nasceu rapaz, mas ainda assim
foi melhor do que não ter nenhum.
Para acalmar um sentimento incómodo,
de tempos a tempos um beijo era dado.
Então o dia surgiu. Subitamente levaram-na de mim.
A sombra da sua alma vagueou nem sei por onde.
E quando recordo a hora em que morreu,
e como balbuciava estranhos sons,
estando ainda a aprender a falar,
lembro como os laços de sangue e carne
apenas nos ligam a uma imensidão
de dor e sofrimento.
Por fim, evocando o tempo
anterior ao seu nascimento,
pelo pensamento e pela razão
pude afastar de mim os lamentos.
Desde que o meu coração a esqueceu
muitos dias se passaram,
e por três vezes o inverno
se transformou em primavera.
Esta manhã, por um momento,
o velho pesar regressou,
ao na estrada encontrar
quem enferma a acolheu
e dela então cuidou.
Bai Juyi (774-846)
(Versão de Pedro Belo Clara a partir da tradução inglesa elaborada por Arthur Waley).
(Narcisos, os famosos "Sinos Doirados")
Mesmo causando dor,existe a beleza do sentir...
ResponderEliminarProfundo, Belo poeta!
Beijos!
Obrigado pela visita, Rosa. Volte sempre! Terei muito gosto em voltar a vê-la por aqui =) Se desejar, poderá tornar-se membro do blogue, acompanhando assim as suas mais recentes actualizações. Muito obrigado!
EliminarBeijos.