quinta-feira, 2 de janeiro de 2020

CANÇÃO LXXVII


Oh, deixa que juntos rumemos 
ao país onde reside o Amado, 
o carrasco do meu coração!

Aí o Amor enche o seu vasilhame
com água do poço, embora
não possua corda para o fazer;

aí as nuvens não cobrem o céu,
porém a chuva tomba gentilmente.
Oh tu, que corpo não possuis! 
Não te sentes na soleira da porta, 
dá um passo em frente
e banha-te nessa chuva!

Aí há sempre luar, mas nunca escurece;
e quem fala dum sol apenas?
Essa terra ilumina-se 
por mil raios de mil sóis.





Kabir (1440 - 1518)










(Versão de Pedro Belo Clara a partir da versão inglesa de Rabindranath Tagore in "Songs of Kabir", 1915.) 














(Nirvana, de Andra Ponomarenco)





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