Poderia ter um emprego,
mas sou demasiado preguiçoso para me candidatar.
Possuo um terreno,
mas sou demasiado preguiçoso para preparar o seu cultivo.
Tenho o telhado esburacado,
e preguiça em repará-lo.
Tenho as roupas em farrapos,
e indolência para as compor.
Tenho um cântaro de vinho,
e preguiça para o abrir.
Mais vale então que permaneça vazio!
Tenho a minha cítara,
mas estou sonolento o bastante
para a não tocar.
Mais valia então que cordas não tivesse!
A minha família resmunga: «Não há já mais arroz».
Também tenho fome...
Mas estou demasiado letárgico
para cozinhar.
Os amigos enviam-me cartas,
mas não possuo energia para as abrir.
Ouvi contar que o tio Ji
teve uma vida de grande preguiça,
mas ele tocava a sua cítara
e por ofício foi ferreiro.
Comparado comigo,
bem se vê como ele
nunca dominou a arte da preguiça!
Bai Juyi (772 - 846)
(Versão adaptada de Pedro Belo Clara a partir da tradução inglesa elaborada por Dongbo.)
(Bai Juyi e a sua adorável preguiça em acção)
Sem comentários:
Enviar um comentário